Primavera logística nos Balcãs

O mês de maio foi marcado por boas notícias, sendo o estado do transporte multimodal o melhor indicador de onde estamos e se estamos caminhando na direção certa da integração essencial às tendências globais, sem a qual não existe nem  a economia no presente nem um futuro econômico nesta região. 

Hoje em dia, a logística é um termo que é conhecido por todos e usado para descrever várias atividades humanas em quase todas as indústrias e segmentos da vida. É aconselhável nos lembrar neste momento, tão desafiador nos termos globais em relação a tudo no início da nova história, de como este termo entrou na terminologia de nossas vidas.

Entrou pelo caminho da doutrina militar e da língua francesa, que descreve a logística como uma atividade e disciplina científica que lida com a organização do movimento, acomodação e fornecimento de unidades militares em guerra e paz. De alguma forma, a antiga palavra grega “logística”, que se refería ao conhecimento da aritmética, transformou-se em um termo que significa uma habilidade prática e útil da qual ainda dependem os resultados de muitas ambições no tempo da paz e no tempo da guerra.

Não é fácil esclarecer a natureza das ambições globais de hoje em que a necessidade de domínio mudou da expressão afirmativa e criativa para uma expressão destrutiva. Isto é certamente um tópico para algumas conversas posteriores, mas é evidente que não é possivel realizar os objetivos de qualidade sem uma boa logística e não há crescimento econômico sem uma logística de transporte adequada.

Trata-se de uma verdade da vida, que faz sentido repetir muitas vezes, especialmente na região dos Balcãs Ocidentais, Se apenas se tratava de nós, aqui nos Bálcãs, e se em jogo fosse só a economia dessa área, as coisas seriam diferentes. Felizmente, estamos em um período em que as ambições dos grandes atores globais, têm uma manifestação construtiva sobre o tema da economia e, portanto, da logística dos países nos Balcãs.Por exemplo, neste momento temos a iniciativa de três mares (Three Seas Iniative), que se refere aos 12 paises membros da União Européia localizados entre os mares Adriático, Báltico e Negro ou seja Áustria, Eslovênia, Croácia, Bulgária, Romênia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia que todos estão no jogo. No convite para a próxima reunião desta iniciativa, em Ljubljana, de 5 a 6 de junho, na parte do módulo de transporte, afirma-se que a infraestrutura de transporte de qualidade é uma condição prévia para garantir mobilidade eficiente e sustentável das pessoas e bens.

Está dito  também que, no contexto global, isso representa uma alavanca para demonstrar o poder econômico e, indiretamente, político, e que o controle e a propriedade de centros de transporte estrategicamente importantes é a resposta justa para os problemas políticos, econômicos e, inevitavelmente, para os problemas de segurança. Você encontrará em algum lugar que essa iniciativa é na realidade uma plataforma definida por parte dos EUA. Além disso, temos a iniciativa chinesa “One Belt One Road” (um cinto, um caminho), com sua subplataforma “Iniciativa 16 + 1”, que reúne 11 estados membros da União Européia e 5 países dos Balcãs. Aqui na equipe estão Albânia, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Croácia, República Tcheca, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Macedônia, Montenegro, Polônia, Romênia, Sérvia, Eslováquia e Eslovênia.

Dentro da iniciativa, a China definiu três áreas prioritárias em potencial para a cooperação econômica: infraestrutura, altas tecnologias e tecnologias verdes. A Comissão Europeia tem sua própria plataforma definida em 2011 por meio de um “livro branco” com objetivos definidos até 2050, articuladas através de um plano para a criação da rede multimodal transeuropeia de transportes, chamada TEN-T até 2030. Seis dos dez corredores passam pelos Balcãs, mais precisamente, os corredores nº 4,5,7,8,9 e 10. Portanto, a UE também nos considera interessantes para um futuro sustentável de transporte. Em resumo, a logística, como os próprios Bálcãs, é um tópico ardente e exigente em termos de tempo e financeiramente e é de interesse para todos que têm o poder de tomada de decisões sobre qualquer assunto globalmente. E o que acontece na realidade, quando todas essas altas políticas se tornam concretas?

Especificamente, a pergunta principal é: quão prontos estão nossos portos marítimos e rios, as conexões ferroviárias dos portos para o continente, os centros logísticos multimodais no continente? Na verdade, eu me estou perguntando sobre o estado do transporte multimodal porque ele conecta os fluxos de mercadorias que se deslocam pelos oceanos e pela terra representando um indicador claro de onde estamos e se estamos caminhando na direção certa de uma integração substancial com os fluxos globais sem os quais não existe a economia presente nem futura numa situação na qual os planos mais amplos são em jogo, como o podemos ver. Multimodal nesta parte do mundo? Caixa de Pandora aparece, com um monte de mal e um pouco de esperança no fundo. A realidade existente, com seus males, foi descrita em muitos estudos, o último de qualidade que buscou em detalhes a região a partir de 2016, sendo o estudo “Western Balkans Intermodal Study” (CityNet). Alguns estudos similares foram anunciados, por exemplo, no blog do Banco Mundial de maio de 2018, “„Intermodal Connectivity in the Western Balkans” (Conectividade intermodal no Balcãs Ocidentais), patrocinado pelo “Multi Donor Trust Fund for Mobility and Logistics”, apoiado pelo governo austríaco. Enquanto isso, algumas coisas boas estão acontecendo. Segundo as notícias do mês de maio, a esperança na caixa de Pandora ainda mostra sinais de vida.

Data: 27 de maio. O Conselho de Supervisão da principal Associação Europeia de Aglomerados Ferroviários (ERCI) decidiu admitir como seu membro o Agrupamento Ferroviário do Sudeste Europeu (RCSEE), que reúne fornecedores ferroviários da Eslovênia, Croácia, Sérvia, Bósnia e Herzegovina, Macedônia e Montenegro. Isso finalmente torna completo o espaço europeu no qual opera a indústria ferroviária europeia.

Data: 26 de maio: O porto de Rijeka ultrapassará o porto de Koper até 2025. A informação chave é que presentemente se está desenvolvendo a seleção de uma concessionária por um período de 50 anos para o novo terminal de contêineres Zagreb DeepSea. A COSCO também incluiu Rijeka como sua segunda opção depois do Pireu.

Data: 24 de maio. A COSCO Shipping anunciou um serviço regular através do porto de Rijeka para o terminal da Nelt em Belgrado, conectando o Extremo Oriente e os Balcãs com o uso de ferrovias. Este é um serviço adicional em relação à conexão semelhante que a COSCO têm com Belgrado através do porto de Pireu, na Grécia.

Data: 23 de maio. Porto de Ploce: Um início do ano excepcionalmente bom. As receitas no primeiro trimestre aumentaram por 32%, uma nova gestão e uma abordagem estratégica clara do proprietário muito sério e majoritário da Energy Naturalis. Este porto é o portão marítimo da Bósnia e Herzegovina.

Data: 22 de maio. Nova linha de carga em Smederevo, na Sérvia, conectará o porto de Smederevo ao corredor ferroviário 10. Essa é a realização do plano dos anos 80, que é importante para a carga em massa gerada pelas ferragens de Smederevo, pertencente desde pouco tempo ao GRUPO HBIS chinês.

Data: 22 de maio. Na feira Transport &Logistics em Munique, o RailCargo Group promoverá o serviço TransFER por meio de uma conexão ferroviária regular entre o terminal de Lodz na Polônia e o terminal de Halkali em Istambul, Turquia. Essa conexão permite a criação da rede de centros de negócios no leste, sul e sudeste da Europa.

O mês de maio é prometedor: Esta é a primavera que precisamos, uma primavera logística nos Balcãs.